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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

IDEIA DO DIA: Pré-Natal - Saúde da Gestante e de seu Filho

O QUE É UMA CONSULTA DE PRÉ-NATAL?


É o acompanhamento e acolhimento, pelo enfermeiro e/ou médico, de uma gestante do início de sua gravidez até o nascimento de sua criança, de maneira saudável e com o mínimo de intercorrências possível. Para tanto, deve-se considerar as mudanças físicas e emocionais que ocorrem nesse período e que geram dúvidas, temores e expectativas nessa gestante, buscando envolver sua família e/ou companheiro nesse processo. Envolve principalmente a anamnese e o exame físico (geral e específico ou gineco-obstétrico); e objetiva também, por meio de procedimentos simples (quando pré-natal de baixo risco), mas de grande resolutividade, a promoção de saúde, prevenção ou detecção precoce de afecções e a garantia uma melhor qualidade de vida e cidadania plena para a mãe e seu filho. Contempla também ações educativas que abrangem desde os cuidados durante a gestação (hábitos de vida, alimentação, atividade física) até orientações a cerca da amamentação e a puericultura.




QUAL A IMPORTÂNCIA DA GESTANTE REALIZAR O PN?


O acompanhamento pré-natal auxilia na detecção de malformações congênitas, na promoção de saúde e prevenção de afecções tanto na mãe quanto no bebê. Sendo assim, sua realização produz um efeito protetor sobre a saúde materno-infantil, contribuindo para diminuir a incidência de mortalidade materna, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal.



COMO SE REALIZA O EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO?

- Exame Clínico das Mamas (ECM)

É de fundamental importância o exame clínico das mamas durante a gestação e amamentação, pois estas são fases em que a mama está mais perceptível, ou seja, mais visíveis não devendo ser negligenciadas  pois podem ser identificadas alterações, que devem seguir conduta específica, segundo as recomendações do INCA. Enquanto realiza o exame clinico de mamas a (o) enfermeira (o) deve aproveitar o momento para realizar atividade de educação em saúde, abordando orientações sobre o preparo das mamas para a amamentação, a importância do o aleitamento materno, principalmente se for adolescente. Nos casos em que a amamentação estiver contra-indicada – portadoras de HIV/HTLV –, orientar a mulher quanto à inibição da lactação (mecânica e/ou química) e para a aquisição de fórmula infantil.


- Palpação Obstétrica

A palpação obstétrica deverá ser realizada principalmente no terceiro trimestre com a finalidade de identificar a situação e apresentação fetal. Deve ser realizada antes da medida da altura uterina. Começando pela delimitação do fundo Uterino, bem como de todo o contorno da superfície uterina (esse procedimento reduz o risco de erro da medida da altura uterina). A identificação da situação e da apresentação fetal é feita por meio da palpação obstétrica, procurando identificar o pólo cefálico e pélvico e o dorso fetal, facilmente identificado a partir do terceiro trimestre. Pode-se, ainda, estimar a quantidade de líquido amniótico. Essa palpação obstétrica se dá a partir das manobras de Leopold Zweifel.

- Manobra de Leopold Zweifel

A técnica de palpação da Escola Alemã, sistematizada por Leopold-Selheim, tem por finalidade a identificação da situação e a apresentação fetal por meio de palpação obstétrica e, é realizada em quatro tempos consecutivos, procurando localizar o pólo cefálico, pélvico e o dorso fetal. Durante este procedimento a (o) enfermeira (o) deve estar atento em não expor a gestante desnecessariamente. O instrumento para a realização dessa manobra é a mão do examinador. Ela deverá estar aquecida, relaxada e sensível ao tocar o abdome da gestante.

1º Tempo: A primeira manobra determina a altura do útero e a sua relação com os pontos de referência no abdome materno: sínfise púbica, cicatriz umbilical e rebordos costais.


2º Tempo: A segunda manobra realiza o diagnóstico da posição fetal em: longitudinal (a mais comum), oblíqua e transversa.


3º Tempo: A terceira manobra realiza o diagnóstico da apresentação fetal que é o pólo fetal (cefálico ou pélvico).


Atenção: a situação transversa e a apresentação pélvica em final de gestação podem significar risco no parto. Nesses casos devemos referir a gestante para parto hospitalar.

4º Tempo: A quarta manobra determina a altura do pólo cefálico e o seu grau de flexão e deflexão. 



OBSERVAÇÃO: O momento da palpação deverá ser dividido com a gestante e acompanhante, promovendo a interação da família com o filho.


- Mensuração da Altura Uterina

Para iniciar a realização da medida da altura uterina devem-se realizar alguns cuidados utilizando a técnica de:

·      Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdome descoberto;
·      Delimitar o bordo superior da sínfise púbica e o fundo uterino;
·      Fixar a extremidade inicial (0 cm) da fita métrica bordo superior da sínfise púbica e deslizar a mesma entre os dedos indicador e médio do examinador. No qual não se deve encostar a fita métrica no fundo uterino, pois o intuito não é medir volume e sim comprimento;
·      Proceder à leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino;
·      Verificar a circunferência uterina com a fita ao redor do abdome da gestante, na altura da cicatriz umbilical;
·      Anotar a medida em centímetros, na ficha perinatal e no cartão da gestante.



- Ausculta dos Batimentos Cardíacos Fetais (com sonnar após 12 semanas e com estetoscópio de pinard após 20 semana)

A ausculta dos batimentos cardíacos fetais é feita com o objetivo de constatar a cada consulta a presença, o ritmo, a freqüência e a normalidade dos batimentos cardíacos fetais (BCF). Onde a frequência cardíaca fetal é considerada normal quando oscila entre 120 e 160 batimentos por minuto.

A realização da ausculta pode ser feita com estetoscópio de Pinard ou com detector fetal Sonar- Doppler.Da mesma forma que existem cuidados com a mensuração da altura uterina existem com a avaliação dos BCFs, onde na asculta com estetoscópio de pinard utiliza-se a Técnica de:

·      Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto;
·      Identificar o dorso fetal. Além de realizar a palpação, deve-se perguntar à gestante em qual lado ela sente mais os movimentos fetais; o dorso estará no lado oposto;
·      Segurar o estetoscópio de Pinard pelo tubo, encostando a extremidade de abertura mais ampla no local previamente identificado como correspondente ao dorso fetal. Quando disponível, utilizar o sonnardopler;
·      Encostar o pavilhão da orelha na outra extremidade do estetoscópio;
·      Fazer, com a cabeça, leve pressão sobre o estetoscópio e só então retirar a mão que segura o tubo;
·      Procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF na região do dorso fetal;
·      Controlar o pulso da gestante para certificar-se de que os batimentos ouvidos são os do feto, já que as freqüências são diferentes;
·      Contar os batimentos cardíacos fetais por um minuto, observando sua frequência e ritmo;
·      Registrar os BCF na ficha perinatal e no cartão da gestante;
·      Avaliar resultados da ausculta dos BCF (Quadro 4 do manual técnico: Pré-natal e puerpério: assistência qualificada e humanizada, p.60). 



OBSERVAÇÃO: A percepção materna e a constatação objetiva de movimentos fetais, além do crescimento uterino, são sinais de boa vitalidade fetal. Após contração uterina, movimentação fetal ou estímulo mecânico sobre o útero, aumento transitório na freqüência cardíaca fetal é sinal de boa vitalidade (BRASIL, 2005).


- Inspeção dos Genitais externos

 - Exame Especular e Toque Vaginal de acordo com a necessidade, orientados pela história e queixas da paciente, e quando for realizada coleta para exame colpocitológico.




REFERÊNCIAS:



BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada - manual técnico. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Caderno nº 5. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

IDEIA DO DIA: Que tal aprendermos um pouco mais sobre o Câncer do Colo do Útero e do Câncer de Mama?

Os elevados índices de incidência e mortalidade por câncer do colo do útero e da mama no Brasil justificam a implantação de estratégias efetivas de controle dessas doenças que incluam ações de promoção à saúde, prevenção e detecção precoce, tratamento e de cuidados paliativos, quando esses se fizerem necessários.
O câncer está entre as principais causas de morte na população feminina e, a mudança de hábitos, aliada ao estresse gerado pelo estilo de vida do mundo moderno, contribuem diretamente na incidência dessa doença. Alguns fatores como o tipo de alimentação, o sedentarismo, o tabagismo, a sobrecarga de responsabilidades –aumento considerável do número de mulheres chefes de família –, a competitividade, o assédio moral e sexual no mundo do trabalho, têm relevância destacada na mudança do perfil epidemiológico da situação e doença das mulheres.
Portanto, é de fundamental importância a reelaboração e implementação de Políticas Públicas na Atenção Básica, enfatizando a atenção integral à saúde da mulher que garantam ações relacionadas ao controle do câncer do colo do útero e da mama como o acesso à rede de serviços quantitativa e qualitativamente, capazes de suprir essas necessidades em todas as regiões do país.

REFERÊNCIAS:

BRASIL - Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica nº6 S.A. Normas e Manuais Técnicos. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

sábado, 20 de agosto de 2011

IDEIA DO DIA: Câncer de mama - Entre de peito nessa luta! Faça o autoexame das mamas!





EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER DE MAMA:

O câncer de mama tem sido um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, não só pelo número de casos crescentes diagnosticados a cada ano, mas também pelo investimento financeiro que é demandado para realizar diagnósticos e tratamento, é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido a sua alta frequência e pelos seus efeitos psicológicos (MONTEIRO, ARRAES, PONTES e et.al, 2003). As neoplasias constituem-se atualmente na segunda causa de morte em mulheres brasileiras, ocupando o câncer de mama o primeiro lugar (NOVAIS, BRAGA e SCHOUT, 2006). Deve-se levar em consideração que o sexo feminino contribui para a gênese do câncer de mama, pois estudos comprovam que a maioria dos casos de câncer de mama vem do avanço da idade (THULER, 2003).
Segundo Monteiro, Arraes, Pontes e et.al, 2003 em termos epidemiológicos o câncer de mama é o tumor de maior incidência em vários países, dentre os quais, o Brasil.
Dessa forma, para o controle de câncer de mama deve-se priorizar a prevenção e a detecção precoce com realização do autoexame das mamas pela própria mulher, do exame clínico realizado pelo profissional médico ou enfermeiro(a) para identificar alterações nas mamas , e mamografia que consiste em colocar as mamas entre duas placas e emitir um raio-x, não se esquecendo da promoção da saúde ligada a educação e ao diagnóstico precoce assim como o rastreamento das mulheres que não procuram o sistema ou que estão em segmento (THULER, 2003).





A IMPORTÂNCIA DO AUTOEXAME PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE:

O diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura do câncer de mama. Mas não adianta a mulher realizar o autoexame mensal e achar que é suficiente. É fundamental visitar periodicamente um profissional especializado para uma avaliação clínica das mamas e completar os cuidados com outros exames, como Exame de Mamografia. A organização Mundial de Saúde recomenda que as mulheres comecem a realizar o autoexame a partir dos 20 anos de idade. E sempre que houver fatores de risco, pessoais ou familiares, deverá ser feito um reajuste dos tempos de vigilância médica.
De uma forma geral, o autoexame das mamas apresenta grande vantagem por ser um método simples, sem nenhum custo, de rápida execução e, principalmente, por não necessitar de aparelho ou aparatos para a sua prática. Contudo, a maioria das mulheres ainda resiste em realizar o exame seja por falta de conhecimento ou pela falta de intimidade com o próprio corpo, sentindo-se amedrontadas e culpadas pela ação.
Para que as mulheres passem a realizá-lo tem-se a necessidade de desmistificar tal procedimento, de forma que a prática desse exame passe a ser mais frequente e mais natural possível. Assim, a mulher passará a ter maior controle do seu corpo, aprendendo a cuidar de si mesma sem depender de outras pessoas.




COMO SE DEVE REALIZAR O AUTOEXAME?

Inicialmente o exame era indicado, principalmente, para a complementação diagnóstica de lesões suspeitas encontradas no exame clínico e/ou no autoexame, e para acompanhamento das mulheres de alto risco a partir de 40 anos (INCA/MS, 2001).
Atualmente, o último consenso tirado entre especialistas do Ministério da Saúde, gestores, pesquisadores da área de câncer, representantes de sociedades afins e de entidades de defesa dos direitos da mulher, e com o apoio da Sociedade Brasileira de Mastologia, é de que as mulheres de alto risco com 35 anos ou mais, devam ser acompanhadas anualmente com um exame clínico e uma radiografia, mesmo sem sinais ou sintomas, e que todas as outras mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, e que estejam assintomáticas, façam uma mamografia pelo menos a cada dois anos (INCA/MS, 2004).
O exame clínico das mamas deve ser uma rotina realizada por um profissional (médico ou enfermeiro) e que no exame ginecológico ou Papanicolau seja o momento para a realização do exame da mama, que tem como objetivo a detecção de neoplasia maligna ou qualquer outra patologia incidente. Ele requer momentos propedêuticos obrigatórios, mesmo que, à simples inspeção, elas aparentem normalidade.
A inspeção deve ser feita com boa fonte de iluminação natural ou artificial, de forma estática no qual a mulher deve estar em pé ou sentada a fim da observação da forma, volume, simetria, cor e eventuais retrações além da visualização das auréolas e mamilos; posteriormente é realizado a inspeção dinâmica que utiliza-se os braços levantados e com as mãos nos quadris com o objetivo de salientar os contornos das mamas. Somente a partir da observação que deverá começar a palpação de linfonodos com a paciente sentada, palpar os linfonodos cervicais, supra-claviculares, infra-claviculares e axilares.
 Em seguida inicia-se a palpação por toda a mama de forma circular ou por quadrantes por toda sua extensão, não se esquecendo do mamilo e da Cauda de Spence que é parte do tecido mamário que se projeta/alonga para próximo à axila. A expressão, unindo o tecido mamário desde a base até o complexo aréolo-papilar, sendo uma etapa subsequente à palpação e permite detectar a presença de secreção papilar que poderá estar associada a processo inflamatório ou a lesão benigna ou maligna. Atentar para a presença e características da secreção, se purulenta, serosa, sanguinolenta ou cristalina.





IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME DAS MAMAS:

A assistência de Enfermagem às mulheres deve ser executada por profissionais qualificados e com responsabilidades legais inerentes a função da Enfermagem cujo objetivo é a promoção, manutenção e recuperação da saúde (TAVARES, P. B., OLIVEIRE, A. M., et al. 2004). A educação em saúde é um componente fundamental na assistência de Enfermagem, pois faz o indivíduo a assumir responsabilidades pela manutenção de sua saúde.
O profissional de saúde, inclusive o enfermeiro, deve estar capacitado para prestar uma assistência adequada à mulher e orientá-la sobre a prevenção do câncer.
Sendo de fundamental importância estar preparado para atuar no combate contra o câncer, prevenindo e detectando precocemente o câncer de mama entre as mulheres.
Dar-se-á a importância de realizar uma educação em saúde e assistência adequada e que a partir dos fatores de risco e detecção precoce do câncer de mama, a atuação do profissional de enfermagem torne-se mais direcionada diminuindo a mortalidade por essa neoplasia maligna.




REFERÊNCIAS:

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). Estimativas 2008: Incidência de Câncer no Brasil. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2007.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama – Viva Mulher. Rio de Janeiro: INCA. Novembro 2001.

MONTEIRO, A. P. S. et al. Auto-exame das Mamas: Freqüência do Conhecimento, Prática e Fatores Associados. RBGO - v. 25, nº 3, 2003.

NOVAES, H. M. D. ; BRAGA, P. E. ; SCHOUT, D. Fatores associados à realização de exames preventivos para câncer nas mulheres brasileiras, PNAD 2003. Ciência & Saúde Coletiva. São Paulo, V. 11, N.4, P.1023-1035, 2006.
THULER, L. C. Considerações sobre a prevenção do câncer de mama feminino. Revista Brasileira de Cancerologia. São Paulo, V.49, N. 4, P. 227-238, 2003.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

IDEIA DO DIA: Declare seu amor por você mesma! Faça o exame preventivo do câncer do colo do útero!

O QUE É E QUAL A IMPORTÂNCIA DE REALIZAR O EXAME DE PAPANICOLAOU?

A importância epidemiológica do câncer no Brasil e sua magnitude social, as condições de acesso da população brasileira à atenção oncológica, os custos cada vez mais elevados na alta complexidade refletem a necessidade de estruturar uma rede de serviços regionalizada e hierarquizada que garanta atenção integral à população.
Nesse contexto, o câncer de colo de útero apresenta altas taxas de mortalidade, sendo um problema de saúde pública de grande relevância, o que sinaliza a importância de ações para sua prevenção e detecção precoce.
Um marco histórico importante no conhecimento desse tipo de câncer foi o estudo de Papanicolaou & Traut (1943, apud Chong, 1990), que mostrou ser possível detectar células neoplásicas mediante o esfregaço vaginal.
A partir dessa descoberta, desenvolveu-se o exame citopatológico cervico-vaginal e microflora, conhecido popularmente como exame preventivo do colo do útero, exame de Papanicolau ou citologia oncótica. Este é utilizado para detecção precoce/rastreamento do câncer do colo do útero mediante coleta e análise de células da cérvice ou colo uterino, objetivando detectar células cancerosas ou anormais, bem como, não cancerosas que possam causar infecção ou inflamação. Dentre os métodos de detecção, este é considerado o mais efetivo e eficiente a ser aplicado coletivamente em programas de rastreamento do câncer cérvico-uterino.





COM QUE FREQUÊNCIA DEVE SER REALIZADO O EXAME DE PAPANICOLAOU?

A periodicidade de realização desse exame, estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil, em 1988, permanece atual e está em acordo com as recomendações dos principais programas internacionais. Deve ser realizado uma vez, anualmente, por um profissional de saúde habilitado (médico ou enfermeiro) em mulheres de 25 a 60 anos de idade, independentemente de sua opção sexual. Após dois exames anuais consecutivos negativos pode ser realizado a cada três anos, dependendo do critério do médico ou enfermeiro.
A partir dos 65 anos, as mulheres que tiveram exames normais nos últimos 10 anos devem conversar com seu médico sobre a possibilidade de parar de realizar o exame regularmente. Já as mulheres que realizaram histerectomia (cirurgia para retirada do útero) com a retirada do colo além do útero, não necessitam fazer o exame, a menos que a cirurgia tenha sido feita para o tratamento de câncer ou de lesão pré-maligna (lesões precursoras) ou maligna (câncer).


O EXAME DE PAPANICOLAOU NECESSITA DE ALGUMA PREPARAÇÃO PRÉVIA?

A mulher deve fazer este exame quando não estiver menstruando. O melhor período é entre o 10º e 20º dia após o primeiro dia do seu último período menstrual. Ademais, por três dias antes do exame, a mulher deve evitar piscina e banheiras, duchas vaginais, tampões, desodorantes ou medicamentos vaginais, espermicidas e cremes vaginais, pois estes produtos e situações podem retirar ou esconder células anormais. Deve - se também evitar relações sexuais antes da realização do exame pelo mesmo período de tempo já citado (três dias). Após o exame, a mulher pode voltar a suas atividades normais imediatamente.


COMO É REALIZADO O EXAME DE PAPANICOLAOU?

O exame ginecológico ou Papanicolau, como já citado anteriormente, é realizado a partir da coleta de material citológico do colo do útero, sendo coletada uma amostra da parte externa (ectocérvice) e outra da parte interna (endocérvice).
Para que o procedimento seja executado, é necessário que a mulher esteja na posição ginecológica: deitada, com os joelhos dobrados e as pernas afastadas. Os materiais que serão utilizados pelo profissional são o especulo (nos tamanhos pequeno, médio, grande ou para virgem), balde com solução desincrostante em caso de instrumental não descartável, lâminas de vidro com extremidade fosca, espátula de Ayres, escova endocervical, par de luvas para procedimento, pinça de Sharon, solução fixadora, álcool a 96% ou Polietilenoglicol líquido ou Spray de Polietilenoglicol e gaze.
Durante o exame o profissional introduzirá o espéculo suavemente na vagina, em posição vertical e ligeiramente inclinado de maneira que o colo do útero fique exposto completamente. Este instrumento permite a abertura das paredes da vagina para que o profissional possa ver o colo do útero. Após a introdução, o espéculo deve ser aberto lentamente e com delicadeza. É nesse momento inicial que será feita a inspeção das paredes vaginais, bem como as do colo do útero.
Para a coleta do material da ectocérvice, será utilizada a espátula de Ayres. A extremidade da espátula que apresenta reentrância é encaixada com firmeza e sutilmente no orifício externo do colo, para que seja realizado o movimento de 360º em torno de todo orifício cervical.
A amostra do material deve ser estendida de maneira uniforme, dispondo-a no sentido transversal, na metade superior da lâmina, próximo da região fosca, onde estarão contidas as iniciais da mulher e número do registro.
Na coleta do material da endocérvice, utiliza-se a escova endocervical. Ela será introduzida no orifício externo do colo, para que seja realizado um giro de 360º, percorrendo todo contorno do orifício. O material da coleta irá ser distendido sobre a metade inferior da lâmina de maneira delicada para a obtenção de um esfregaço uniformemente distribuído, fino e sem destruição celular, sendo imediatamente fixados, por imersão em álcool ou com spray.
Vale salientar, que a coleta de material da endocervice não deve ser realizada em mulheres gestantes, pois há risco de abortamento. Por esse motivo deve-se atentar para a coloração, umedecimento e intumescimento da mucosa do canal vaginal, a qual em gestantes estará violácea (azulada) e edemaciada, havendo um aumento ou diminuição da secreção vaginal.
Nesse caso, a coleta de endocervice não deve ser feita, mesmo que ainda não haja o diagnóstico de uma gravidez; é necessária também a realização de um exame comprobatório (bHCG) para confirmar ou descartar a suspeita de gestação, permitindo, em caso positivo, o adequado acompanhamento da gestante e do feto que está se desenvolvendo.

Após a conclusão do exame, o espéculo será totalmente fechado ao ser retirado, para evitar causar lesões a mulher. Ele vai ser retirado de forma delicada, inclinando-o levemente para cima, observando as paredes vaginais.





QUAL A IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME DE PAPANICOLAOU?

Com relação ao exame do colo uterino é importante ressaltar ainda a atuação do enfermeiro, profissional que está na porta de entrada da assistência e que tem um contato mais intenso com seus usuários. São atribuições do enfermeiro a realização de uma atenção integral à mulher, da consulta de enfermagem, coleta de exame preventivo de câncer do colo do útero e exame clínico das mamas (pois estes dois exames devem ser feitos no mesmo momento), solicitação de exames complementares e prescrição de medicações (conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, observadas as disposições legais da profissão). É ainda de sua competência a busca ativa das mulheres que nunca realizaram ou que realizam com uma freqüência menor que a ideal o exame preventivo de câncer de colo de útero.
Além disso, esse profissional deve prestar uma assistência humanizada, livre de preconceitos e realizar a educação em saúde, explicando as mulheres acerca do exame citológico e conscientizando-as de sua importância na prevenção em saúde, já que muitas não o fazem por desconhecimento e medo.
Para um atendimento humanizado, porém, não é necessário apenas que a mulher seja tratada bem e com delicadeza, é necessário também que os profissionais reflitam constantemente sobre suas práticas em relação ao exame, e de que a mulher seja contemplada em sua totalidade, pois é através destas reflexões e ações contemplativas que se pode construir uma assistência de qualidade.
O enfermeiro deve ainda considerar as especificidades na população feminina - negras, indígenas, trabalhadoras da cidade e do campo, as que estão em situação de prisão, as lésbicas e aquelas que se encontram na adolescência, no climatério e na terceira idade - e relacioná-las à situação ginecológica, em especial ao câncer do colo do útero e as DST.
Outro fator importante a se considerar é o fato de que algumas mulheres têm comportamento que as tornam vulneráveis à doença. Sentem-se constrangidas e envergonhadas ao se submeterem ao exame de prevenção, revelam ainda que a vergonha é mais acentuada quando o profissional que realiza o exame preventivo é do sexo masculino.
Esses fatores contribuem como obstáculos para um comportamento preventivo em relação ao câncer cervicouterino, e podem ainda se perpetuar dentro dos núcleos familiares e sociais, impedindo o estabelecimento de ações eficazes no sentido da prevenção. A prevenção entendida como condição multifacetada, com influências socioeconômicas, políticas e culturais, como responsabilidade da sociedade, é a saída para a redução dos casos de câncer de colo útero.
Assim sendo, a equipe de saúde deve valorizar as queixas da mulher, estar disposta a ouvi-la, não desvalorizar ou minimizar seus problemas e reconhecer seus direitos a esclarecimentos e informações. As decisões devem ser compartilhadas e caso a mulher deseje procurar alívio para seus sintomas em outras abordagens terapêuticas, a equipe deve respeitar sua opção. Ainda é importante lembrar que a equipe não deve se eximir da responsabilidade do acompanhamento da mulher ao longo do tempo, independente do tipo de tratamento e do nível de complexidade do sistema no qual ela esteja sendo atendida.





REFERÊNCIAS:

BRASIL - Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica nº6 S.A. Normas e Manuais Técnicos. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

OLIVEIRA, SILVIA LETÍCIA E ALMEIDA, ANA CARLA HIDALGO. A percepção das mulheres frente ao exame de papanicolaou: da observação ao entendimento. Cogitare Enfermagem. Paraná, v. 14, n. 3, p. 518-26, Jul/Set, 2009.

FERREIRA, MARIA DE LOURDES DA SILVA MARQUES. Motivos que influenciam a não-realização do exame de Papanicolaou segundo a percepção de mulheres. Escola Anna Nery – Revista de Enfermagem. São Paulo, v. 13, n. 2, p. 378-8, Abr/Mai, 2009.